1945 - 1965
♢   Arte bruta

A expressão Art Brut (Arte Bruta) foi criada pelo pintor francês Jean Dubuffet (1901-1985) em 1947, com o objetivo de caracterizar o trabalho produzido fora do sistema tradicional e profissional da arte (pelo que é também conhecido por Outsider Art), que o artista considerava mais autêntico e verdadeiro que o dos artistas eruditos. Desta forma, o conceito de Arte Bruta pretendia englobar produções muito diversificadas realizadas por crianças, por doentes mentais e por criminosos, que apresentavam em comum um carácter espontâneo e imaginativo. Englobava também algumas realizações de carácter público e coletivo, como o graffiti. Em novembro de 1947, Dubuffet apresentou pela primeira vez ao público a sua coleção de obras de Arte Bruta na galeria René Drouin, em Paris. Em junho do ano seguinte, foi constituída a Companhie de l'Art Brut (Companhia de Arte Bruta) que assumia como função principal a valorização, o incremento e a divulgação destes trabalhos. A esta associação juntam-se vários artistas, críticos de arte ou escritores como André Breton, Jean Paulhan e Michel Tapé. Mais tarde, em 1967, a coleção de Arte Bruta foi objeto de uma grande mostra organizada pelo Museu de Artes Decorativas de Paris e, em partir de 1976, foi transferida para Lausanne, para o museu de Arte Bruta. Os Cahiers de l'Art Brut, publicados desde 1964, constituíram o veículo de divulgação de trabalhos teóricos e artísticos de muitos autores, de entre os quais se destacam Joseph Crépin e Augustin Lesage.



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♢   Informalismo

A Arte Informal é uma tendência da arte abstrata que se desenvolveu nos anos 50 na Europa, paralelamente ao Expressionismo Abstrato que marcou a cultura artística de Nova Iorque. O termo informal (sem forma) pretende exprimir a tendência para o abandono de qualquer forma previamente conhecida, eliminando-se gradualmente os objetos da pintura. Os artistas informais acreditavam que era possível a comunicação estética através de imagens e de linguagens totalmente novas e inventadas sem referência a memórias ou vivências comuns. Distingue-se do Expressionismo Abstrato pela recusa da referência ao gestualismo que guarda a memória do artista no momento em que a criou. A pintura informal é auto-significante e desvaloriza o processo de criação. No geral, as pinturas caracterizam-se pelas pinceladas livre e pelas camadas espessas de tinta, explorando as possibilidades expressivas da cor e da luz ou dos materiais não convencionais, isolados do seu contexto e revelados na sua essência. Os trabalhos dos artistas que integram esta corrente, bastante variados nos meios e expressões, podem ser incluídos em duas tendências fundamentais: o abstracionismo informal, influenciado pelo automatismo surrealista e pela improvisação e o tachismo, (do francês tâche, mancha) que procura acentuar relações cromáticas ou matéricas em grandes manchas. Apesar da sua vocação abstracionista, algumas expressões e alguns artistas informais aproximam-se às vezes de uma figuratividade subtil. O Informalismo, desenvolvido a partir de Paris, através das obras de George Mathieu, Jean Dubuffet, Pierre Soulages e Nicolas de Stael, atingiu outros países europeus. Em Espanha teve como expoente o artista Antoni Tápies e em Itália o pintor Alberto Burri.



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♢   Expressionismo abstrato

O Expressionismo Abstrato é um dos movimento da pintura americana, tendo-se desenvolvido a partir da década de 40. Estava centrado em Nova Iorque, razão porque assume muitas vezes o termo de Escola de Nova Iorque. Muitos dos pintores recorriam a técnicas enérgicas, usavam invariavelmente telas grandes e aplicavam tinta rapidamente, por vezes com alguma violência. O método era muitas vezes considerado tão importante como a pintura. O expressionismo abstrato reúne um grande conjunto de manifestações, sendo possível identificar duas tendências principais. Uma, que se integra na corrente da Action Painting, inclui as obras de pintores como Jackson Pollock, Willem de Kooning ou Franz Kline. Nas suas obras, bastante gestualistas, a tinta era lançada diretamente na tela, através de gestos instintivos, onde o acaso e o aleatório determinavam a evolução da pintura.A outra tendência, mais meditativa ou "mística", integra os pintores Rothko e Gottlieb. Estes artistas exploraram preferencialmente as qualidades tactéis e os efeitos sensitivos da cor e produziram quadros abstratos utilizando poucos elementos, representados com limites indefinidos e relações cromáticas de grande subtileza. Nem todas as obras deste movimento são abstratas, como algumas obras de Willem de Kooning, de Mark Rothko ou de Barnett Newman. Era normalmente aceite que a abordagem do artista ao seu trabalho se deveria relacionar diretamente com o seu inconsciente, libertando uma diferente criatividade.



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♢   Arte Cinética

A procura da representação do movimento é uma das constantes presentes ao longo de toda a história da arte. A possibilidade de uma arte em que o movimento fosse o próprio movimento havia sido já intuída e desenvolvida nos primeiros anos do século XX por alguns construtivistas, futuristas, dadaístas, e por escultores como Moholy-Nagy e Calder. O Cinetismo, termo sinónimo de movimento e importado da física e da química, afirmou-se como corrente artística autónoma em Paris, nos anos 50. Os meios de expressão deste movimento são inúmeros. Se Vasarely descobre o movimento através da ilusão ótica no campo da pintura, já Tinguely procura na máquina a expressão máxima deste movimento, dentro de uma poética apologista da estética industrial. Com as suas Meta-Matic, Tinguely fez do movimento um princípio de desconstrução irónica da máquina. Nas suas composições mecânicas, este artista entendia o movimento numa dupla vertente: este não só animava o objeto, mas também lhe conferia uma existência. Como seres vivos, as suas máquinas em movimento causavam medo, espanto ou despertavam a admiração no espectador. São máquinas inúteis, absurdas, que proferem movimentos desajeitados, que desenham ou mesmo cometem suicídio, ao se autodestruir numa apresentação no Museu de Arte Moderna de Nova Iorque, em 1960. Outra vertente da Arte Cinética é desenvolvida pelo escultor Nicolas Schöfer. Este artista conjugava simultaneamente o espaço, a luz e o tempo para chegar a uma expressão artística mais completa. Nas suas obras "luminodinâmicas", as construções espaciais eram animadas pela introdução da luz artificial e do fator tempo programado. Na obra mais famosa deste autor, "Prisma", uma projeção animada de luzes coloridas compõe-se em inúmeros efeitos caleidoscópicos.



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♢   Assemblage

O termo assemblage é incorporado às artes em 1953, cunhado pelo pintor e gravador francês Jean Dubuffet (1901-1985) para fazer referência a trabalhos que, segundo ele, "vão além das colagens". O princípio que orienta a feitura de assemblages é a "estética da acumulação": todo e qualquer tipo de material pode ser incorporado à obra de arte. O trabalho artístico visa romper definitivamente as fronteiras entre arte e vida cotidiana; ruptura já ensaiada pelo dadaísmo, sobretudo pelo ready-made de Marcel Duchamp (1887-1968) e pelas obras Merz (1919), de Kurt Schwitters (1887-1948). A idéia forte que ancora as assemblages diz respeito à concepção de que os objetos díspares reunidos na obra, ainda que produzam um novo conjunto, não perdem o sentido original. Menos que síntese, trata-se de justaposição de elementos, em que é possível identificar cada peça no interior do conjunto mais amplo. A referência de Dubuffet às colagens não é casual. Nas artes visuais, a prática de articulação de materiais diversos numa só obra leva a esse procedimento técnico específico, que se incorpora à arte do século XX com o cubismo de Pablo Picasso (1881-1973) e Georges Braque (1882-1963). Ao abrigar no espaço do quadro elementos retirados da realidade - pedaços de jornal, papéis de todo tipo, tecidos, madeiras, objetos etc. -, a colagem liberta o artista de certas limitações da superfície. A pintura passa a ser concebida como construção sobre um suporte, o que pode dificultar o estabelecimento de fronteiras rígidas entre pintura e escultura. Em 1961, a exposição The art of Assemblage, realizada no Museum of Modern Art - MoMA de Nova York, reúne não apenas obras de Dubuffet, mas também as combine paintings de Robert Rauschenberg (1925-2008) e a junk sculpture, e isso leva a pensar que a assemblage como procedimento passe a ser utilizada nas décadas de 1950 e 1960, na Europa e nos Estados Unidos, por artistas muito diferentes entre si.



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♢   Fluxus

Fluxus ("fluxo" em latim) foi um movimento artístico de cunho libertário, caracterizado pela mescla de diferentes artes, primordialmente das artes visuais mas também da música e literatura. Teve seu momento mais ativo entre a década de 1960 e década de 1970, se declarando contra o objeto artístico tradicional como mercadoria e se proclamou como a antiarte. Fluxus foi informalmente organizado em 1961 pelo lituano George Maciunas (1931-1978) através da Revista Fluxus se estendendo para os Estados Unidos, Europa e Japão. Outros organizadores do início do Fluxus: George Brecht, John Cage, Jackson Mac Low e Toshi Ichijanagi organizando palestras, performances, música e poesia visual. Mais tarde outros se associaram como Joseph Beuys, Dick Higgins, Gustav Metzger, Nam June Paik, Wolf Vostell e Yoko Ono. Allan Kaprow e Marcel Duchamp foram os criadores dos primeiros happenings, o estilo dos artistas e da teoria do Fluxus foi muito comparada a estética do Dadaísmo e do Pop art. Enquanto o fluxus se concentrava nos grandes centros urbanos da década de 1960 e 1970, a partir da década de 1990 a comunidade Fluxus começou a se reorganizar através da internet e comunidades on-line em todo mundo trocando experiências reais de poesias visuais, performances culturais, música e vídeo (mail art). Além dos experimentos do Fluxus influenciarem fortemente as artes visuais e a música, através de nomes como Beuys e Cage, é notável sua influência na poesia universal nos dias de hoje.



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♢   Op art

Op art é um termo usado para descrever a arte que explora a falibilidade do olho e pelo uso de ilusões de ótica. A expressão "op-art" vem do inglês (optical art) e significa “arte ótica”. Defendia a arte "menos expressão e mais visualização". Apesar do rigor com que é construída, simboliza um mundo mutável e instável, que não se mantém nunca o mesmo. Os trabalhos de op art são em geral abstratos, e muitas das peças mais conhecidas usam apenas o preto e o branco. Quando são observados, dão a impressão de movimento, clarões ou vibração, ou por vezes parecem inchar ou deformar-se. Apesar de ter ganho força na metade da década de 1950, a Op Art passou por um desenvolvimento relativamente lento. Ela não tem o ímpeto atual e o apelo emocional da Pop Art; em comparação, parece excessivamente cerebral e sistemática, mais próxima das ciências do que das humanidades. Por outro lado, suas possibilidades parecem ser tão ilimitadas quanto as da ciência e da tecnologia. O termo surgiu pela primeira vez na Time Magazine em Outubro de 1964, embora já se produzissem há alguns anos trabalhos que hoje podem ser descritos como "op art". Sugeriu-se que trabalhos de Victor Vasarely, dos anos 1930, tais como Zebra (1938), que é inteiramente composto por listas diagonais a preto e branco, curvadas de tal modo que dão a impressão tridimensional de uma zebra sentada, devem ser consideradas as primeiras obras de op art.



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♢   Instalação (arte)

Uma instalação (krafts) é uma manifestação artística contemporânea composta por elementos organizados em um ambiente. Ela pode ter um caráter efêmero (só "existir" na hora da exposição) ou pode ser desmontada e recriada em outro local. Diferentemente do que ocorre tradicionalmente com as esculturas ou pinturas, a mão do artista não está presente na obra como um item notável. Uma instalação pode ser multimídia e provocar sensações: táteis, térmicas, odoríficas, auditivas, visuais entre outras. O termo instalação foi incorporado ao vocabulário das artes visuais na década de 1960. No início do século XXI a instalação mantém-se como um gênero importante e muito difundido. Em virtude da sua flexibilidade e variedade, a sua conceituação tornou-se mais geral do que específica. Desde a década 1980, a voga da instalação leva ao uso e abuso desse gênero de arte em todo o mundo, o que torna impossível cobrir a produção recente.